sábado, 29 de dezembro de 2012

Os Bórgia


  
Bórgia é o sobrenome de uma família espanhola que se notabilizou em Itália na época do Renascimento. Os seus elementos mais ilustres ficaram conhecidos como a primeira família criminosa da história. Entre a sua linhagem encontram-se cardeais, bispos, duques e papas, entre os quais merecem destaque quatro figuras: os papas Calisto III e Alexandre VI e os príncipes César e Lucrécia.
A infâmia dos Bórgia era ainda um esboço, quando o nepotismo de Calisto III ajudou a criar o terrível temperamento que veio a ser encarnado pelas gerações posteriores. Na corte que Calisto III instituiu em seu redor viria a sobressair Rodrigo, o seu sobrinho.
Rodrigo ocupou o trono pontifício de 1492 a 1503, adquirindo como nome papal o de Alexandre VI. E foi aqui que a imagem da família Bórgia ficou transfigurada com os actos bárbaros executados por este chefe da Igreja Católica. Alexandre VI foi homem de muitas mulheres. Do envolvimento com Vanozza de Catanei nasceram quatro crianças, entre as quais se destacam César, dado à luz em 1475, e Lucrécia, nascida em 1480. Precisamente com Lucrécia foi acusado do mais terrível de todos os crimes: o incesto (nunca provado, mas sempre falado).
Lucrécia Bórgia foi instrumentalizada pelos familiares mais próximos, tendo-se casado por várias vezes para criar e satisfazer as conveniências políticas de seu pai. Não se julgue, contudo, que Lucrécia foi apenas uma vítima inocente, pois a sua forma de estar coadunava-se com o período amoral em que viveu.
César não degenerou e a sua personalidade coincidiu na perfeição com a do progenitor, inclusive na relação de incesto com Lucrécia. Ao longo da sua vida, fomentou e manteve conflitos políticos com famílias rivais, como os Varani, os Orsini, os Vitelli e os Sforza.
Alexandre VI faleceu em 1503, vitimado pelo veneno que ele próprio tinha destinado a um inimigo. Já César faleceu em 1507, em Espanha, combatendo sozinho uma vintena de adversários. Lucrécia viu o final dos seus dias, em 1519, quando dava à luz o décimo primeiro filho.

  Re: Os Bórgia
Os anos do papado sob Alexandre VI foram essencialmente marcados pelos múltiplos assassinatos que envolveram elementos dos Bórgia. Em Julho de 1497, César terá morto o seu irmão, Giovanni, cujo cadáver apareceu nas águas no Tibre depois de ambos terem jantado em casa da mãe, Vanozza Cattanei. O próprio pai decidiu-se a esclarecer o assunto e depressa chegou a uma conclusão - o assassino era o próprio César, movido pela inveja. Para abafar o assunto, todas as investigações foram canceladas. Os Bórgia foram pródigos em multiplicar os escândalos. Logo depois da morte de Giovanni, a filha favorita do papa, Lucrécia, apareceu grávida, não obstante estar num convento. O seu presumível amante, Pedro Calderón, apareceu morto no Tibre. César, desta feita, não teve dúvidas em espalhar aos quatro ventos que fora ele o autor do assassinato, para vingar a honra da família. Com a morte de Giovanni, entretanto, César ganhou grande importância em Roma. Desistiu da carreira eclesiástica e passou a ser duque de Gandia, o que lhe conferia amplos meios, tornando-se um dos homens mais ricos de Itália, ao mesmo tempo que, juntamente com o pai, continuava a levar a cabo golpes maquiavélicos, tendo assassinado o próprio cunhado, Afonso de Biscegli, que entretanto casara com Lucrécia e que foi enforcado no próprio quarto quando se encontrava a convalescer de uma tentativa frustrada de atentado. Lucrécia passou para a História como sendo culpada da morte do marido, mas isso dever-se-á à fantasia de Victor Hugo e não corresponderá à realidade.

  Re: Os Bórgia
  por Saibot em 18th Agosto 2011, 18:32
Os crimes levados a cabo por César foram um rosário sem fim. Um dos mais conhecidos foi levado a cabo contra Filofila, um poeta-cantor que era protegido pelos Orsini (que odiavam o papa) e que espalhava aos quatro ventos por Roma a vida dissoluta que levavam os Bórgia - Alexandre VI teria vinte filhos e César e Lucrécia cometeriam incesto. Um dia tudo acabou - os restos de Filofila, esquartejados, foram colocados à porta do castelo dos Orsini. A verdade, porém, é que Lucrécia estava cansada das intrigas e crimes cometidos pelo pai e pelo irmão. Em 1501, casou-se com Afonso d'Este, duque de Ferrara, e nunca mais viu a família.

  Re: Os Bórgia
  Em 1503, numa noite de Agosto, César e Alexandre VI organizaram um banquete em honra do cardeal Adriano Castelense, um dos homens mais ricos de Roma. Por ordem do papa, foram servidos dois caldeirões de sopa de nabos: um dos caldeirões, com um veneno letal, destinava-se ao cardeal. Porém, o plano falhou. Por um engano da criadagem, o papa e o filho acabaram por se servir da sopa envenenada, enquanto o cardeal comeu a sopa sã. César e o pai adoeceram gravemente, mas apenas o papa acabou por morrer. Sabe-se que Alexandre VI, então com 72 anos, estava já gravemente doente aquando desse jantar. Ao que parece tinha sido acometido de um ataque de malária, então comum em Roma, devido à existência de áreas pantanosas. Existe ainda outra versão - a de que terá sido o próprio cardeal a envenenar pai e filho, mas desconhecem-se, em rigor, os pormenores exatos que conduziram à morte do papa. Mais robusto, César escapou à morte, conseguindo resistir aos efeitos do veneno. Contudo, gravemente doente, não pôde influir na eleição do novo papa.

     Re: Os Bórgia
  por Saibot em 18th Agosto 2011, 19:01
Com a eleição do papa Júlio II, um velho inimigo dos Bórgia, César viu os seus planos totalmente arruinados. Acabou por se casar com a princesa Charlotte de França, ficou com o título de duque de Valentinois e entrou para a história como duque Valentino. Foi imortalizado por Maquiavel na sua obra-prima, O Príncipe, onde César Bórgia é considerado como o exemplo de bom governante e hábil político. Acabou por ser morto em 1507, lutando pelos seus ideais absolutistas, numa emboscada em Espanha.




Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Nenhum comentário:

Postar um comentário